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Tem um dinheiro do SUS que está no próprio SUS

Erico Vasconcelos [A]


O que você faz com o pouco que tem? Esta pergunta poderia valer para qualquer um de nós quando o assunto é receita, despesa e orçamento doméstico, mas na prática vale também e muito para a reflexão de todos nós que já fomos ou que somos gestores municipais da saúde pública no Brasil.


Não se discute o bastante evidenciado subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) - como já compartilhamos em diversos artigos neste Blog. Infelizmente temos registros aos montes. Isto acaba por expor fragilidades estruturais que afetam negativamente os gestores municipais em sua maioria, uma vez que é lá onde o SUS acontece. Mas há mais aspectos para nos atentarmos.


Desde quando fui um destes gestores do SUS de municípios, esta preocupação sobre o custeio "da nossa casa" nunca foi motivo de um "parar para pensar" sobre como utilizávamos este pouco dinheiro que tínhamos para gerir o SUS entre os meus Pares naquela época. O argumento do "subfinanciamento" já bastava para justificar os problemas até então enfrentados e pronto! Ao ganhar espaço como gestor no Ministério da Saúde, observei a mesma questão só que em larga escala. Foi quando comecei a me debruçar no assunto e a me perguntar: "O que é possível garantir que será entregue à população com o dinheiro que se tem? Qual é o "método" desenvolvido para a gestão do seu trabalho? O gestor conhece o custo mensal de cada uma de suas Unidades? Tem indicadores para medir os resultados obtidos com regularidade e frequência?


Em um estudo realizado pela UniverSaúde, verificamos que 90% dos gestores não sabiam responder tais questões. É claro que o foco neste debate não anula a relevância do tema "subfinanciamento do SUS", mas compreendemos este fato como um "outro problema" - como se ele simplesmente não bastasse. As fragilidades no gerenciamento dos processos internos de uma Secretaria de Saúde a ponto dos gestores não conseguirem gerir seus recursos financeiros de forma eficaz, eficiente e efetiva reúnem potência para repercutir de forma negativa para a população e para o seus Prefeitos. Aliás, tem sido frequente nossa escuta destes Prefeitos que dizem que "a Saúde é um saco sem fundo" e que "não sabem mais o que fazer para que ela pare de pé". Seria esta uma das possíveis causas para a alta rotatividade de Secretários Municipais de Saúde no Brasil - tal qual apontamos no artigo "Cada Real importa para o SUS" publicado semana passada neste Blog?


Fato é que tem um dinheiro do SUS que está no próprio SUS! E se nós desejamos que os governos sejam cada vez melhores, mais potentes e correspondentes às expectativas dos trabalhadores e da população, precisamos cuidar dos nossos governantes. Neste caso, do nosso Par que ora se permite viver a complexidade deste lugar como Secretário de Saúde neste instante. Como gestores que já estiveram neste espaço em todas as suas "dores e delícias", sabemos bem das delicadezas e oportunidades que esta posição propicia. Sabemos dos imensos desafios na condução de um projeto "enxuto" com o mínimo de desperdícios e que responda objetivamente às demandas de caráter técnico e político.


Sabemos enfim que precisamos estar vigilantes sobre o modo como a gestão acontece para assim conquistarmos a racionalização dos custos e a melhoria da qualidade dos gastos da saúde pública nas cidades (aliás, como você avalia seu "plano de governança" atual, meu caro colega gestor? Como ele tem sido colocado em prática em seu projeto?). Não se trata do mero imperativo de "gastar menos", mas sim de "gastar melhor" este pouco que temos, extraindo o máximo de eficiência dele. A gestão municipal do SUS precisa de uma agenda gestora pautada pela liderança do capital humano que dedica a vida à vida dos outros e pelo gerenciamento cuidadoso e "na ponta dos dedos" dos processos internos que subsidiam as ações executadas, previstas nos planos de governos da Saúde.


De setembro ao início de outubro/2024, a UniverSaúde compartilhará algumas de suas experiências no desenvolvimento deste projeto chamado "Excelência gestora" que ajuda os gestores do SUS e do privado a reduzirem custos e a captarem novos recursos com resultados rápidos. Serão 5 artigos, um por semana, publicados aqui neste Blog. Contamos com sua participação no diálogo sobre este assunto tão potente e importante e que contribuirá para a sustentabilidade organizacional e financeira do SUS em nosso País.


Acesse e conheça o nosso projeto de "Excelência Gestora"


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[A] Erico Vasconcelos é cirurgião-dentista, estomatologista, especialista em Terapia Comunitária, em liderança e desenvolvimento gerencial de organizações de saúde e com MBA em gestão de pessoas. Há 19 anos atua na gestão da Atenção Básica, do SUS, na Segurança e Qualidade e na Gestão Estratégica de Pessoas de organizações de saúde. Foi gestor de diversas organizações privadas e municípios. Atuou no Ministério da Saúde entre 2013 e 2016 no Departamento de Atenção Básica elaborando políticas e desenvolvendo ações de apoio e educação. Desde 2005 atua na formação em serviço de gestores e profissionais de saúde pelo Brasil afora. Trabalhou como Tutor e Coordenador de Cursos na EaD da ENSP, UnASUS-UNIFESP e na UFF. Foi Professor de Saúde Coletiva da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e em outros cursos de várias Universidades. Fundou a UniverSaúde em 2016, uma empresa que ajuda gestores a reduzirem custos e a captarem novos recursos com resultados rápidos, fortalecendo a governança e promovendo a sustentabilidade financeira e organizacional da Saúde. Já trabalhou em mais de 50 municípios e organizações. Atualmente desenvolve projetos com o Hospital Albert Einstein, o HCor, dentre outros diversos municípios pelo Brasil afora.



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